a mãe de Deus

E diz o Saramago, e põe toda a gente a dizer, que Deus tem mãe! E é puta!

Fico confundido porque não sei se deva escrever puta com p grande.

O invasor sonoro

O meu prédio parece um organismo vivo que pulsa todo o dia e (quase) toda a noite.
As pessoas não saem de suas casas mas, através de sons, conseguem invadir a minha. Constantemente. Como se entrassem sem limpar as solas no tapete da entrada, a todo o momento, sem serem convidados.

Uns são pesados ou gostam de caminhar com toda a força sobre os calcanhares, tipo "estou aqui e vou para ali e quero que saibas".
Outros adoram a discussãozinha com hora marcada, que envolve gritos e insultos com os devidos danos colaterais. Por vezes não se inibem de surgir à janela para insultar também o vizinho que ameaça chamar a polícia, num gesto cheio de classe: "Ai vais chamar a polícia, sua p*#%$? Vai, sua granda v#"$, vai para a p#$% que te pariu, cara$#*%".
Uns acham que estamos todos interessados em conhecer os seus gostos musicais: a batida, grave, sobe pelas paredes e agita-me o cérebro. Mas parece não incomodar ninguém mais.
Outros não conhecem aquelas acessíveis esponjinhas para colocar por baixo das cadeiras e restantes móveis que arrastam todo o dia e noite sem dó nem piedade.
As persianas são também usadas com a delicadeza de um troglodita.

Sim, vou mudar-me. Mas já me disseram que isto é igual em todos os prédios, gaiolas em que todos somos ratos.
Estou a considerar mudar-me para uma vila em que a população está decadente e não existe televisão. Ou no meio do monte.

Temporada da caça

A temporada política dos abstencionistas já se iniciou - mesmo antes do início dos trabalhos da próxima legislatura - com a indignação abespinhada contra esta lei ...

Não gosto do Rui Rio III

Uma das bandeiras do Rui Rio - no primeiro mandato, neste ou no próximo; é sempre uma bandeira porque de há 8 anos para cá, nada mudou - é reabilitação urbana. Mas não é uma reabilitação urbana qualquer, é uma reabilitação "à Rui Rio". Ou seja, não interessa simplesmente recuperar edifícios e ter esses edifícios habitados. Pelo menos, não por qualquer jagunço, tem de ser gente com nível, de bem, gente que possa pagar €200.000 por um T0, como os recuperados pela Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). Posso ser só eu, mas numa das zonas mais pobres do país, não consigo ver muita gente que possa pagar tal valor por um T0, nem tão pouco consigo entender o porquê da SRU - que presumo eu, deveria oferecer imóveis "baratos" - vender imóveis a um valor superior em 200% aos propostos pela concorrência - é possível encontrar T0s em tudo semelhantes aos da SRU à venda por €80.000 ...

Alguém disse que a reabilitação urbana era uma ideia sem futuro, porque não interessava às grandes construtoras como a Mota-Engil. Com preços como os praticados pela SRU, tenho algumas dúvidas ...

Retrato de um país ridículo ...

... ou as eleições autárquicas como uma ode à Estupidez.

Thoughtpolice

(...) For if leisure and security were enjoyed by all alike, the great mass of human beings who are normally stupefied by poverty would become literate and would learn to think for themselves; and when once they had done this, they would sooner or later realize that the privileged minority had no function, and they would sweep it away.

Acusem-no de tudo, excepto de falta de originalidade ...

Primeiro começou com electrodomésticos, agora passou para os empregos. Confesso que estou curioso para saber o que é que ele vai oferecer daqui por 4 anos ...

Muse em playback

Estes senhores tocam em estádios mas houve algum produtor italiano que teve a distinta lata (deve ser efeito Berlusconi) de os convidar ao programa de uma loira frenética para tocar em playback.

E devo dizer que os Muse estiveram muito bem. Não quebraram o contrato, apareceram de facto para tocar mas.. com os instrumentos trocados: o baterista cantou, o vocalista tocou bateria, o baixista a guitarra e o público bateu.. palminhas. Sim, palminhas deprimentes como quem acompanha o mais recente e boçal hit de um qualquer cantor pimba nacional, a embalar o corpo de um lado para o outro: They will not force us, They will stop degrading us, They will not control us, We will be victorious..

A própria entrevista final é indelicada, logo a atirar para perguntas de foro intimo tipo "andas a comer uma psicóloga italiana, hein?". Pobre Dominic, os outros puseram-se logo a andar.

Já agora, quando é que os Muse vêm ao programa da Fátima Lopes? Hm?